SEXTA-FEIRA 13: PARTE 3



Com este "Sexta-feira 13 - Parte 3", o nível começa a baixar violentamente. O filme segue o esquema de continuação ao começar mostrando os minutos finais da Parte 2. Logo, o espectador fica sabendo que a "história" (ou será falta de...) acontece no dia seguinte à matança perpetrada por Jason em "Sexta-feira 13 - Parte 2".

Apesar do diretor ser o mesmo Steve Miner da Parte 2, os rombos na lógica são inexplicáveis. O grupo de jovens burros do filme vai passar um fim de semana em uma casa bem pertinho deCrystal Lake sem nem ao menos tomar conhecimento de que uma dúzia de outros jovens foram mortos na região no dia anterior.Pior: Jason, mostrado antes como um demente cabeludo e barbudo, aqui aparece, da noite para o dia, sem cabelo e sem barba, em uma calvície completamente relâmpago - eu não imagino um cara como ele, coberto de sangue pelas facadas que levou, indo ao barbeiro fazer barba, cabelo e bigode.
Outra coisa inexplicável é que a vingança de Jason poderia ter acabado perfeitamente na Parte 2. Afinal, ele eliminou a moça que tinha decapitado sua mãe e também alguns jovens que ousaram invadir seu território. Então, qual o motivo para continuar? Já não tinha derramado sangue demais ? Por que não descansar, assistir TV, dedicar-se a outro passatempo ?

Enfim, ele começa o filme com roupa diferente da usada na Parte 2, estripando um casal dono de um armazém - sem motivo algum, diga-se. Há uma série de cenas sem razão de existir, enxertadas no roteiro apenas porque o filme foi exibido em terceira dimensão nos cinemas, como um iôiô jogado bem contra a câmera e pipocas que pulam da panela também na direção da lente da câmera.






Quando os jovens personagens chegam na casa, a matança começa cedo. Novamente, todos eles são esteriotipados. Tem o gordo feio no estilo "ninguém me ama, ninguém me quer", que só faz brincadeiras bobas e, quando a coisa pega de verdade, ninguém acredita nele. É deste gordo que Jason rouba a máscara de hóquei que passa a usar. Tem um casal de maconheiros que entra no filme mudo e sai calado, só fumam maconha, morrem, e nada mais (grande participação). Também tem, como é de praxe, o casal que passa o filme transando. E, claro, a heroína boazinha que não sabe se fica ou não com o rapaz bonitão.
Inexplicavelmente, no meio de tudo isso o roteirista ainda consegue colocar uma gangue de motoqueiros que também entra em cena só para morrer nas mãos de Jason. Tudo que acontece no filme é uma desculpa para os personagens morrerem violentamente. A dose é um pouco maior do que a mostrada nos filmes anteriores, com olhos furados a flechadas e uma cabeça esmagada. Esta cena deve ter ficado legal no cinema, em terceira dimensão, pois um dos olhos salta do crânio em direção à câmera.





Os diálogos são muito ridículos e característicos. O casal que só transa passa o filme falando em sexo. O gordo chato passa o filme dando em cima de uma coleguinha, e quando é reprimido, começa o papo "ninguém me ama, ninguém me quer, só porque eu sou gordo, etc etc".





Resumindo, há muito pouco para ver além da sangreira das cenas de morte. De cara já é possível adivinhar quem morre e quem vive. Como não há grandes histórias, a morte dos personagens não causa maior comoção - não tem como simpatizar com gente tão ignorante e sem graça. Há até um autoplágio na cena em que a moça na rede tem o pescoço atravessado por um facão: Kevin Bacon morreu de forma semelhante no primeiro filme da série. Até o final, pasmem, é chupado da Parte 1, com a única sobrevivente no lago e um cadáver pulando da água para agarrá-la.





Steve Miner pisou feio na bola. Há pouca ou nenhuma lógica no que acontece, e um pouco de história ao invés de morte por morte não faria mal a ninguém. Mas, aparentemente, o único objetivo desta continuação era ganhar alguma grana. Devem ter conseguido seu intuito.




ACAMPAMENTO SANGRENTO 3


Steve Miner teve envolvimento nos filmes da franquia até o terceiro. Produziu o primeiro e dirigiu o segundo e o terceiro. Pode-se dizer que ele era a pessoa mais próxima da franquia, o que naturalmente poderia continuar seguindo a trilha de Jason, sem comprometer a estrutura narrativa, certo? Mas, infelizmente, o terceiro filme foi feito às pressas (um ano depois, em 1982), de modo unicamente comercial (lançamento em 3D), contrariando informações que ele mesmo havia sugerido no longa anterior.





A história começa narrando mais uma vez os últimos minutos do filme anterior, com Amy Steel fingindo ser a mãe de Jason para acertá-lo. Logo após o golpe final, ela e o namorado foram para casa, até serem atacados por Jason, que salta pela janela, num visual extremamente bizarro (barba, cabelo longo). No entanto, Steve Miner preferiu dizer que os segundos finais - quando Jason dá o susto final - foi apenas um delírio da personagem, podendo assim dar um outro visual para o personagem explorando um novo ator - nessa época, cada filme tinha um ator diferente interpretando Jason!

Com isso, o terceiro filme ignora o susto final do DOIS e ainda mostra uma cena extra com Jason levantando-se pouco tempo depois do golpe. Ele ainda estava VIVO! Jason, então, não segue a cartilha da mãe, passando a matar qualquer pessoa (ou animal...aqui, ele não perdoa nem coelho) que more próxima à região de Crystal Lake. Começa com um casal em sua residência, assistindo pela TV o resgate de Ginny (Amy Steel) e informações sobre a nova chacina e o desaparecimento de um xerife da região (certíssimo). Depois, o assassino passa a matar outros jovens que ignoram as notícias locais e estão num chalé na região, para transar, usar drogas e paquerar.





Entre as vítimas, temos o feio metido a engraçado, Shelly (Larry Zerner, que não fez mais nada de interessante no cinema, mas vive participando de eventos por ter dado a máscara de hóquei a Jason), que vive se auto-destruindo perante os amigos, enquanto tenta, sem futuro, paquerar as garotas. Segundo o artigo de Felipe Guerra, a máscara de hóquei serviu para Jason para homenagear o esporte favorito do Canadá, de onde a maioria dos envolvidos no filme era oriundo.

Temos um novo CRAZY RALPH na área. Um velho que diz que todos estão condenados, mostra um olho encontrado para a câmera (aproveitando o efeito 3D)...


Steve Miner pretendia encerrar a carreira de Jason neste filme - ele pretendia dar rumo à franquia, mas com um novo assassino. Para isso, inventou um possível estupro de Jason à jovem Chris (Dana Kimmell), deixando a personagem completamente doida no final, para, quem sabe, dar à luz um novo vilão. Ele não pensava ainda na possibilidade de Jason ser imortal, mesmo fazendo-o sofrer muito nesse filme. Aqui, o assassino é esfaqueado na mão, no joelho, leva uma tábua na cabeça, a jovem pula em cima dele, derruba uma estante de livros, o enforça no celeiro (nova casa de Jason?) e, por fim, acerta-lhe uma machadada no canto da cabeça, deixando um corte na máscara que seria mostrado nos filmes posteriores. Isso sem contar o quase atropelamento...

O diretor aproveita para homenagear o primeiro filme em várias cenas. Numa delas, ela repete o modus operandi que a mãe de Jason usou contra Kevin Bacon, escondendo atrás do leito e atravessando o peito da vítima com uma faca. Tal mãe, tal filho. Para ainda remeter ao talento da maquiagem, fez com que a vítima, pouco antes de morrer, estivesse lendo uma FANGORIA, numa reportagem sobre TOM SAVINI, o mestre da maquiagem.





A outra homenagem fica por conta da última cena, quando, ao invés do jovem Jason pular sobre a sobrevivente no lago, aqui quem pula da água é o cadáver de Pamela Voorhees...(um simples delírio da personagem e também um sustinho final...)

As mortes são bem mais violentas aqui. Temos olho saltando da tela, arpão no olho, corte sangrento na garganta, garfo de feno como arma...

Jason está mais encorpado. Uma leve corcunda, careca e ágil - correndo e saltando. Eu, particularmente, prefiro o Jason lerdo e frio, característica posterior do personagem. E, ainda falta a famosa respiração (com inflação do peito e dos ombros), que apareceria nos próximos filmes, principalmente com Kane Hodder.

No geral, o filme é bem fraco, realmente. Dá para notar rapidamente quem vive e quem irá morrer (diferente dos dois primeiros filmes) e as cenas de suspense não são tão intensas. Não acho completamente ruim, mas pouco interessante. Pelo menos teve a apresentação da máscara...

No final, Jason fica caído no celeiro aguardando o rumo que os produtores dariam ao personagem nos próximos filmes. Ele estaria morto? Já teremos um Jason sobrenatural?





CONTAGEM DE CORPOS

Assassino: Jason Voorhees
1 (11) : Harold - cortador de carne no peito
2 (12) : Edna - agulhada na parte de trás da cabeça
3 (13) : Fox - espetada com um garfo de feno
4 (14) : Loco - garfo de feno no estômago
5 (15) : Shelly - garganta rasgada (offscreen)
6 (16) : Vera - arpão no olho
7 (17) : Andy - facada no meio das pernas, enquanto andava de ponta cabeça
8 (18) : Debbie (grávida) - facada que atravessa o peito por trás
9 (19) : Chuck - eletrocutado na caixa de fusível
10 (20) : Chili - empalado por garfo de lareira...
11 (21) : Rick - cabeça esmagada até o olho saltar...
12 (22) : Ali - esfaqueado várias vezes, depois reaparece e leva facada..


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